terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Cuca de Angola e fogueiras de Santo António


A primeira vez que provei a Cuca foi numa festa de Santo António na minha antiga praceta onde durante anos vivi alguns dos melhores momentos da minha infância e adolescência. Sempre existiu esta tradição, onde inclusive carregávamos barrotes de uma antiga casa velha na estrada de Benfica para alimentar a portentosa e enorme fogueira que se acendia ao centro, sob a qual, depois de mais baixa, os mais destemidos saltavam por cima. 

A fogueira da nossa festa
*Foto: Nuno Afonso

A tradição da festa esteve alguns anos parada, mas para nossa felicidade voltou e têm-se mantido mais ou menos regular. Ora foi numa dessas festas que um amigo da praceta trouxe umas quantas latas da Cuca e naquela tarde, com o calor, soube-me mesmo bem, leve, refrescante e com sabor, a marcar a diferença entre as habituais Sagres e Superbock, repetentes do evento.

Junto com as habitués

Nasceu em Angola em 1947. dentro do grupo português Central de Cervejas, tendo sido nacionalizada após a independência angolana, em 1975, e de novo vendida pelo Estado, quase duas décadas depois. (*1). Atualmente é comercializada pelo grupo Castel Angola, um dos maiores grupos cervejeiros de África. (*2) que detém várias unidades fabris espalhadas pelo país como as da Cuca ou da Nocal em Luanda, ou a da Eka, na província do Kwanza Norte.

Das vezes que provei a CUCA (que quando apareceu queria dizer: "Companhia União de Cervejas de Angola"), soube-me sempre bem. De cor dourada com boa carbonatação, formação de espuma branca de uma a dois dedos, e retenção que vai caindo gradualmente. É uma cerveja com aroma muito bom a malte. O Sabor é de malte, milho e com ligeiro amargor. Muito leve com 4,5 % ABV é muito agradável de se beber em dias de calor. Em modo de anúncio diria; "Cuca, sabor de Angola".

(*1) https://expresso.pt/internacional/2018-06-08-Historica-cerveja-angolana-passa-a-ser-vendida-em-Mocambique

(*2) https://grupocastelangola.com/produto/cervejas/cuca/cuca/


sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

Reviver o passado em Palmela (Aldeana de Cacho Rosé)


A Aldeana de Cacho mistura dois mundos; o do vinho e o da cerveja e nasceu de uma parceria entre a cervejaria do Montijo e a Adega de Palmela. que depositaram nestas cervejas o equilíbrio entra as castas Portuguesas da península de Setubal e a liberdade criativa que a cervejeira apresenta, entre uma partilha de experiencias entre o cervejeiro Miguel Cáceres e o enólogo Luís Silva.
E foi assim que foram lançadas duas Aldeanas; uma de Cacho branco moscatel que conta com mosto de uva branca da casa Moscatel graúdo e a outra a de Cacho rosé Castelão que utiliza mosto de uva desta casta tinta. (*1).

Eu diria que é uma combinação curiosa de dois produtos distintos de duas terras do mesmo distrito de Setúbal, distrito esse que conheço alguns locais relativamente bem, uma vez que o meu Pai era da Moita do Ribatejo, e ora passeávamos por Setúbal, ora passávamos férias em Troia ou visitávamos Palmela, onde muitas vezes íamos almoçar ao "Retiro Azul", restaurante conceituado e de boas memórias de infância e adolescência, com boa comida, em que eu gostava de acompanhar com um Trinaranjus e a cereja em cima do bolo, que era a tão desejada tarte de amêndoa, isto enquanto olhava com atenção aos saudosos desenhos animados do "Dartacão e os três Moscãoteiros" na TV do restaurante e que eu adorava ver.


Cá fora, recordo também aquela deslumbrante imagem do Castelo de Palmela, e na minha imaginação as imagens de batalhas entre Cristãos e Muçulmanos pelas conquistas e reconquistas da povoação e do seu imponente castelo. Do lado oposto no jardim da alameda a curiosa, fascinante e bonita imagem de uma quinta (de seu nome Quinta dos Carvachos) com muitas laranjeiras, com uma mansão enorme, lagos e casa de caseiros, creio eu.



Depois destas boas recordações, vamos então à nossa Aldeana de Cacho, a de Rosé Castelão, gentilmente oferecida por uma colega de trabalho muito simpática. No seu rótulo podemos observar que é uma Portuguese Grappe Ale Castelão Fruit Sour, de cor âmbar, mas também de cor rosé, turva, praticamente sem formação de espuma, carbonatação média/baixa, embora ao inicio exista, mas vá desaparecendo. Com aroma a groselha, a vinho rosé e talvez a cerejas. No sabor nota-se acidez e sem amargor. Com uma graduação de 7,5%. é uma proposta diferente que não estava à espera, mas a cerveja artesanal permite-se a tudo e a fazer todas as experiencias que sejam aceitáveis. Na sua composição temos agua, malte de cevada e trigo (talvez para suavizar), uvas, lúpulo e levedura. 
É uma cerveja mas mais parece um vinho, porque o sabor que tem é praticamente de um rosé ou parecido. 
É mais uma sugestão no vasto mundo das cervejas artesanais.


(*1) https://grandeconsumo.com/adega-de-palmela-e-cerveja-aldeana-lancam-duas-cervejas-de-uva/

https://retiroazul.eatbu.com/?lang=pt

https://pt.wikipedia.org/wiki/Castelo_de_Palmela