sábado, 21 de outubro de 2023

Timisoreana da Romênia


Comprada numa pequena mercearia/cafetaria de produtos e petiscos Romenos, juntamente com outras, revelou-se uma agradável cerveja. Verdade que não esperava provar tão cedo ou alguma vez cerveja Romena, mas bem dita a hora que as comprei e qualquer dia volto lá a este "Cantinho Romeno", situado entre o Areeiro e a Alameda em Lisboa. (*1)


A Timisoreana foi a primeira cervejaria fundada no actual território da Roménia, mais concretamente em Fabric no destricto de Timisoara no ano de 1718. Actualmete pertence à cervejaria Ursus. 
Onze marcas são produzidas aqui como a Ursus ou a Stejar, para além da Timisoreana que é a marca mais vendida naquele país. (*2)
É uma cerveja de cor dourada, transparente, boa formação de espuma branca e retenção média. Aroma a malte de cevada.
Sabor também a malte de cevada, um pouco metálico, com algum amargor no final de boca e muito fácil de beber. É uma cerveja com carácter, bom aroma, bom sabor e com 5% ABV.
Uma surpresa agradável.

sexta-feira, 6 de outubro de 2023

Tróia dos meus sonhos... (Cerveja Warrior IPA)


Foi com esta "Warrior" na bagagem que atravessei o belo rio Sado a caminho de Tróia para aproveitar um período, ainda que pequeno, de descanso e aquele que costumo chamar de primeiro banho da época balnear. 
Toda esta maravilhosa península banhada quer pelo rio Azul - assim se canta o nome do Sado da música que curiosamente a ouvi ao vivo pela primeira vez em Tróia  (*1) - quer pela águas do atlântico, é repleta de tão boas recordações e memórias passadas junto do meu Pai (o grande responsável por esta forte ligação a Tróia e Setúbal), da minha Mãe e das minhas irmãs. 

 Foto antiga da minha irmã mais velha junto do NSU Prinz do
 meu Pai naquilo que me parece ser o cais do Jardim da
 Beira Mar em Setúbal com Tróia no Horizonte

Diz-se que as primeiras memórias costumam ser a partir dos 3 ou 4 anos de idade, e eu tenho um flash de infância, a atravessar o Sado com os meus Pais num rapidíssimo Hovercraft em direção a Tróia, tenho a sensação de ter tido algum medo e alguma claustrofobia pelos assentos estarem numa cabine de passageiros mais baixa que o normal. De facto as peças encaixam-se na procura de informação sobre estas embarcações que faziam a ligação entre o jardim da beira-mar em Setúbal e Tróia, e que começaram a operar em 1971 por uma empresa ligada ao grupo Torralta, durante meia dúzia de anos, sendo o seu fim ditado pelas convulsões sociais, politicas e econômicas do período pós 25 de Abril que afetaram profundamente este grupo (*2)
Encontrei há pouco uma página no facebook intitulada "Setúbal do meu coração" (*3), que divulga deliciosas fotografia que me fazem viajar no tempo, e que ao meu pedido de permissão, gentilmente anuído pelo criador da página, aqui publico para me guiarem neste relato. 


Por volta da segunda metade dos anos 80, começamos a ir anualmente passar duas semanas a Tróia, naqueles tempos apesar de alguma degradação da Torralta (lembrou-me do casino abandonado), existia uma grande agitação devido ao enorme fluxo de Setubalenses no verão. Lembrou-me de ver o movimento de pessoas que vindo dos barcos, seguia pelas ruas ao longo das bandas, passava pelo cinema - onde também se realizava o Festroia, que contou com a presença de grandes nomes como Christopher Walken (*4) - e ao passar pelo supermercado se enfileirava a caminho da praia.


Comecei a passar férias na segunda metade dos anos 80, num dos apartamentos das torres, a vista era deslumbrante, e cá embaixo ao pé da recepção existiam umas salas de convívio onde estudei para os últimos exames de historia e matemática do 7º ano com a preciosa ajuda da minha Mae. Recordo ainda que havia um écran de TV grande cuja imagem era obtida através da mistura de projeção de feixes de luz vermelha, verde e azul, onde víamos com grande entusiasmo a telenovela brasileira "Roda de Fogo" com os actores Tarcísio Meira e Bruna Lombardi.


A maioria das vezes o meio de transporte era através do imponentes ferryboats, eram como pontes, o Renault 5 do meu Pai entrava por um lado e saia pelo outro, tal como das vezes em que o usei com os meus amigos, uma com o "velho general" o Opel Kaddet 1.2 do meu Pai, conduzido pelo meu amigo Pedro, ou o Renault 11 do avó do meu amigo Luís, que sem carta (é verdade, que inconsequentes) fomos até à Sol Tróia às tantas da noite. Uma vez, passava eu férias com as minha irmãs e o meu Pai e acordamos com uma manhã submersa em nevoeiro, que depois de se desvanecer, avistamos um ferryboat encalhado num banco de areia e até dava a ideia de se conseguir alcança-lo pela praia.


Tróia de outrora tinha um complexo de piscinas muito grande, tinha as do bico das lulas e as da Galé, onde íamos, dividida em dois quartos de circulo, onde existia uma plataforma de mergulho para os mais destemidos num deles. Recordo-me de existir um restaurante, e de uma vez em que foi gravado o programa de televisão "Clube dos amigos Disney" com o Júlio Isidro. pelo caminho via-se um comboiozinho com rodas que fazia o transporte até às piscinas da Galé.


Existia também uma pequena esplanada muito simpática num pequeno jardim entre as bandas, que eram os apartamentos mais baixos, e que tinha um parque infantil. Naqueles tempos não nos confinávamos apenas a Tróia, pois o meu Pai gostava de ir até ao Carvalhal onde se comia muito bem no restaurante do Sr. Avelino ou mesmo até Sines. 

Hoje em dia a Tróia está muito diferente daqueles saudosos tempos, mas ainda consigo sentir a magia quando lá estou, quando olho para aquele quadro azul do atlântico a perder de vista, de um céu recortado pela serra da arrábida e as suas praias, quando atravesso o ferryboat, ou quando passeio pelo extenso areal e olho para as torres, outrora Magnólia Mar e Rosa Mar, é um bálsamo para a minha alma.

O extenso e paradisíaco areal da praia de Tróia

Depois da alguma decadência do império da Torralta  (*5) e algum abandono, como o prédio (Hotel ? Casino ?) que ficou por construir, apenas habitado pela famosa comunidade de morcegos, veio a fase da Sonae (*6), da implosão de edifícios como aquele que falei agora, da reorganização de espaços verdes e reaproveitamento de alguns prédios, construção de uma marina e de moradias e casas só ao alcance de alguns, para além da deslocalização do cais de embarque/desembarque dos ferryboats ou do preço dos catamarãs. Bem se podem queixar os meus amigos Setubalenses, pois como é frequentemente dito, Tróia deixou de ser para o povo, que de alguma maneira ficou mais condicionado ao acesso daquele paraíso, e é agora dos que têm mais desafogo financeiro. De qualquer maneira quando lá vou ainda vejo alguma vida e um bom movimento dos barcos em direção às praias. 

Tróia nos dias de hoje

Como já referi foi uma óptima ideia ter levado esta cerveja que comprei no Lidl e que de certa maneira pelo rotulo com a imagem de um índio, é uma certa analogia àquilo que Troia já foi, uma península de natureza selvagem e bela, mas muito menos atualmente devido à mão do homem na exploração turística com alguns planos para o futuro de casas e resorts de luxo que temo virem a impactar negativamente em aspectos ambientais e visuais até.  

Já tinha experimentado a "Patriot", que penso ser do mesmo fabricante - ao que parece engarrafada na Hungria para o Lidl (*7) - desta "Warrior" IPA que se caracteriza por uma cor âmbar, turva, com um a dois dedos de espuma bege, retenção pouco douradora, deixando um rasto de espuma. Aroma maltado, caramelizado, e talvez a sultanas. Sabor de notas a rezina, biscoitos de manteiga (esta apreciação é uma novidade no blog) e com final de boca amargo e um pouco seco, que perdura. Com 6% ABV é uma cerveja que devido ao aroma e aquele gosto caramelizado, não se assemelha a meu ver a uma IPA, mas pronto é uma cerveja que se bebe especialmente com uma vista tão bonita e repleta de memórias tão boas e doces.

O mesmo local ? a mesma paisagem ?


(*1) https://gmcaapge.blogs.sapo.pt/rio-azul-8825

(*1) https://www.youtube.com/watch?v=fmCaCGhYNN0

(*2 ) https://setubalmais.pt/os-hovercrafts-do-sado/

(*2) https://www.youtube.com/watch?v=uwAWfpMhCUA

(*3) https://www.facebook.com/setubaldomeucoracao

(*4) https://arquivos.rtp.pt/conteudos/festival-internacional-de-cinema-festroia/

(*5) https://www.dn.pt/arquivo/2005/um-imperio-turistico-cheio-de-historias-620734.html

(*6) https://www.nit.pt/fora-de-casa/critica-troia-ainda-cheira-nossa-infancia-esta-diferente

(*7) https://www.eleconomista.es/nacional/noticias/11163900/04/21/Las-15-nuevas-cervezas-artesanas-de-Lidl-que-ya-se-pueden-comprar-a-un-precio-de-autentico-chollo.html


segunda-feira, 2 de outubro de 2023

Benediktiner Hell


Imperdoável mas ainda não tinha bebido nenhuma Benediktiner até me aparecer esta tentadora Hell à frente. Por ainda não ter visto nenhuma destas, a não ser a Weissbier e Dark (que também um dia irei prova-las e quem sabe fazer um post - Levei-a logo comigo.
Verdade que fiz a prova meio à pressa pois tinha vindo de uma tarde de sábado a trabalhar e tinha combinado com um amigo numa esplanada. Estava uma daquelas tarde de calor a pedir uma cerveja bem fresca, pena que o frigorifico lá de casa não estar a deixa-las no ponto e qualquer dia compro um daqueles mini frigoríficos para garrafas
A história desta cerveja de trigo remonta à abadia beneditina do mosteiro Ettal. Tem sido uma receita tradicional desenvolvida pelos monges desde há 400 anos. A tranquilidade do mosteiro, situado a 877 metros, uma filosofia de tratar a natureza e as matérias-primas com respeito e as coisas  e a atenção Beneditina ao detalhe fazem esta cerveja ser especial até aos dias de hoje. 
Os princípios Beneditinos básicos são: Estar calmo e reservar um tempo para aproveitar as coisas boas da vida, ter cuidado em tudo o que se faz e respeitando todas as pessoas e coisas.

*imagem retirada do site 
https://www.benediktiner-weissbier.de/en/our-history



Tão agradáveis princípios dão forçosamente origem a boas cervejas como é o caso desta Hell, (que nada tem de profano) e que se caracteriza por ser uma cerveja leve, sabor maltado e adocicado.
E foi assim que retirá-la do frigorifico surgiu o esplendor da sua cor amarela. transparente, boa formação de espuma de três dedos, retenção com rendilhado no copo, aroma a malte de cevada com notas a banana, sabor a malte de cevada com alguma acidez e um final de boca com algum amargor e algo acentuado. Cerveja refrescante co 5 % ABV. Muito boa, tipicamente como as cervejas Alemãs que são sempre imagem de qualidade  


https://www.benediktiner-weissbier.de/en/our-history