sábado, 29 de abril de 2023

Cuca Preta (...e a história de Manuel Vinhas, o empresário que fundou a Cuca)


E do país dos nosso amigos irmãos Angolanos eis que chega à prova uma Cuca preta, sinônimo de qualidade desta marca a que já nos habituou, as minhas expectativas não foram pois defraudadas.
"À cor escura e essência encorpada, juntamos um aroma intenso e sabor torrado para produzir uma cerveja preta de eleição para verdadeiros apreciadores.", pode ler-se no site do grupo Castel (*1)


E curiosa é a história que encontrei por acaso na net, sobre Manuel Vinhas, o empresário que fundou a cervejeira Cuca. Conta-nos a história de um descendente de uma família com negócios ligados às industrias, nascido em Lisboa em 1925. Principal acionista da sociedade central de cervejas, fundou em Luanda a Cuca em 1952, numa altura que já tinha em Portugal a Sagres, a Skol no Brasil e a Laurentina em Moçambique, e um império de mais de 52 empresas em ramos tão distintos como a produção de garrafas, criação de galinhas, exploração de vegetais, uma fazenda de maracujá ou plantações de café. Fundou ainda o Banco Comercial de Angola, na altura o edifício mais alto das colónias portuguesas, finalizado em 1967.
Por volta de 1950 a cerveja era importada e a sua introdução em 1956 foi um sucesso imediato. Durante a sua vida leu e escreveu muito. Nos anos 60 foi preso, teve residência fixa e impedido de viajar. Escreveu "Para um diálogo sobre Angola", opúsculo retirado pela censura e conotado de coloborador com os "terroristas" do MPLA. Era a sua teoria que não se devia fazer a guerra em Angola, mas promover o desenvolvimento económico do país.
Após o 25 de Abril, as suas contas bancárias e da sua família foram congeladas deixando a sua esposa sozinha com salários e contas para pagar. De Angola viajou para o Brasil em 1975 onde se exilou. Morre em Salvador dois anos depois com 57 anos.
Um mês depois o seu corpo chega a Lisboa, e os funcionários da sociedade central de cervejas entopem o trânsito da cidade com as suas carrinhas de distribuição para se despedirem do antigo accionista da empresa. (*2). Também a revista Sábado escreveu uma reportagem sobre este empresário, que também foi um humanista, viajante e amante das artes, e da qual deixo o link embaixo. (*3)



Adquiri esta cuca preta em lata no lidl, com 5.5% ABV, é uma cerveja de cor escura, castanho muito escuro e tons de cobre, formação de espuma bege com um a dois dedos, retenção mediana que se vai perdendo mas que deixa um rasto no copo. Aroma a chocolate, a malte tostado, doce, talvez cacau. O sabor é idêntico a malte tostado, com algum amargor mais também algo de adocicado. É uma cervaja que não me desiludiu tal como a cuca normal da qual eu gosto e é uma boa cerveja preta e bem elaborada

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