Muito se pode escrever ou falar de uma cerveja com o nome MADRÍ, mas antes de tudo vou aproveitar para invocar a memória do meu Pai e as suas viagens que fazia de férias com os amigos a Espanha, cujos postais que ele enviava aos meus Avós, guardo-os comigo. Ora é num desses postais de visita à monumental cidade de Madrid, datada de 6 de Maio de 1957, que o meu Pai fala: "dos seus edifícios imponentes (assim me parece escrito), muito movimento, parques, museus, muitos estabelecimentos bons e muita coisa para ver". O postal que aqui coloco, mostra a panorâmica da praça de Cibeles e a Calle de Alcalá. Não podia deixar de referir, como adepto de futebol, paixão que herdei do meu Pai, é precisamente na fonte de Cibeles que esta deusa testemunha as grandiosas conquistas do Real Madrid e palco de festejos dos seus adeptos.
Também eu fui a Madrid em 2012, juntamente com a minha Mãe, uma das minhas irmãs e o meu cunhado, e estou em total sintonia com as palavras assertivas do meu saudoso Pai; a imponência dos seus edifícios e a sua arquitetura me encantam como os Espanhóis gostam de dizer, é uma cidade com enorme agitação nas suas movimentadas e grandes avenidas. Tanto no postal de 1957 como numa das fotos postadas, aparece o icônico edifício Metropolis, imagem de marca da cidade e essa curiosa ligação, separadas por 55 anos, entre a viagem do meu Pai e a minha. Uma referencia ainda ao monumental e austero Mosteiro do Escorial, símbolo máximo do reinado de Filipe II, mandado construir para comemorar a vitória na batalha de San Quintin, em 1557. sobre as tropas de Henrique II, rei de França e para servir de lugar de enterro aos restos mortais de seus pais, Carlos V e Isabel de Portugal, assim como os seus e dos seus sucessores. [*1] Para além do meu interesse histórico, relembro um livro que os meus pais compraram, e que me serve de referencia em viagens, sobre as grandes maravilhas do mundo onde lá estava o "El Escorial"
Entrando na "máquina do tempo" e recuando novamente à época da visita do meu Pai, aproveito para falar de uma das músicas mais emblemáticas; a canção ou melhor a Chotis [*2] (música e dança originária na Boêmia) "Madrid", composta pelo Mexicano Agustín Lara, estreada em 1948 e com uma versão que fez parte do filme "La Faraona" [*3] (de 1956, um ano antes da visita do meu Pai), interpretada pelo próprio Agustín Lara e pela bailarina, cantora a actriz Lola Flores, que aqui deixo neste delicioso vídeo.
Depois de tanta coisa bonita e boas lembranças que esta bela cidade nos trazem, foquemo-nos nesta cerveja que não conhecia e que me foi oferecida pela minha irmã mais nova.
De seu nome MADRÍ Excepcional, faz alusão à alma desta grandiosa e movimentada cidade, mas também aos "Chulapos" um grupo de pessoas da sociedade espanhola do séc. XIX famosos pelo estilo de vestir elaborado e atitude atrevida, tão bem ilustrado no belíssimo rotulo da garrafa.
Hoje em dia é um termo usado para se referir a qualquer madrileno que reflita essa personalidade, estilo e atitude que perdura na Madrid moderna. [*4]
Produzida pela La Sagra numa elegante garrafa, é uma cerveja com 4,6% ABV, abaixo da graduação e do amargor que é costume em Espanha, com uma excelente formação de espuma branca, retenção média. Cor dourada e transparente. Aroma a malte e com sabor idêntico, suave e amargor moderado. Este sabor suave pode ter a ver com o facto de ser produzida com malte de trigo. É muito agradável e mão me importava nada de a beber em Madrid com umas belas tapas a acompanhar, mas já me dava por satisfeito se a encontrasse à venda por aqui mesmo.
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