quarta-feira, 29 de julho de 2020

Leffe, tradição cervejeira desde 1240

A Leffe, a par da Duvel, foi uma das primeiras cervejas Belgas que conheci, e desde logo fiquei fã. Considero aquele aroma e sabor únicos, e dá-me sempre um prazer enorme apreciá-la.
Fundada em 1152 a Abadia de Leffe era caracterizada pela hospitalidade dos seus monges. 
Os peregrinos sempre foram bem-vindos em Leffe e em 1240 foi decidido construir uma cervejaria para preparação de uma bebida saudável e revigorante (Naquela época, doenças como a praga eram disseminadas por aquela região, e a fervura da água durante o processo de alta fermentação da cerveja Leffe matava todos os germes. Durante a revolução Francesa a abadia e a cervejaria foram fechadas, até 1924, altura em que a abadia foi restabelecida, naquilo que parecia já ser uma lembrança distante.
(Abadia de Leffe em 1740)
Em 1952, o abade Nys e Albert Lootvoet decidiram retomar a tradição cervejeira da Leffe com a sua receita bem guardada. 
Hoje em dia, pertence à multinacional Belga Ab-Inbev que se comprometeu a honrar a tradição desta cerveja. (*1)
Quem quiser conhecer um pouco da sua história, pode visitar a Maison Leffe em Dinant. (*2)
Passemos então ao estilo que aqui apresento; a Leffe Radieuse, de cor âmbar escuro, espuma de cor creme com muito boa formação, retenção e excelente carbonatação, influenciada também, por estar a beber numa taça Leffe "oficial". O aroma é o típico a baunilha das Leffe (que eu adoro). O sabor tem notas a caramelo, malte e baunilha e com um amargor mais acentuado do que as tradicionais Blonde e Brune, fruto de provável maior incidência no lúpulo, mas com um balanceamento aceitável entre o malte e o lúpulo. É uma das cervejas mais fortes da Leffe com 8.2% ABV, e no geral apresenta-se com a qualidade a que esta cervejaria nos tem habituado.

(*1) https://leffe.com/en/history
(*2) https://leffe.com/en/maison-leffe

quinta-feira, 16 de julho de 2020

Uma Cerveja dos Diabos

A Duvel foi das primeiras Belgas que conheci, mais precisamente no restaurante do Centre Belge de la Bande Dessinée, estava eu na altura de visita a Bruxelas onde a minha irmã estudava.
Num país que tem das melhores cervejas do mundo e que eu até brincava que se podia beber uma diferente todos os dias (...se calhar até é verdade) a Duvel é uma das clássicas e obrigatórias, uma Belgian Golden Ale com uns preciosos 8,5% ABV. de cor amarelo turvo, com uma excelente carbonatação e uma formação e retenção de espuma incrível e bastante duradoura, fazendo quase lembrar a textura de um pudim Molotov. Tem aromas a baunilha, frutos cítricos e florais, Na boca notas a baunilha, florais e um final de boca com um amargor bastante acentuado. Uma cerveja forte que confesso de que não gostava muito e não era das minhas favoritas, mas hoje em dia vejo-a (e saboreio-a) com outra perspectiva de que é uma grande cerveja.
A história da Duvel Moortgat é baseada no respeito pela tradição e valores de família. Hoje em dia já vai na quarta geração que cuida do legado do fundador Jean-Leonard Moortgat e dos seus filhos. Tudo começou em 1871 quando Jean-Leonard e sua esposa fundaram a fazenda da cervejaria Moortgat. Em 1900, os seus dois filhos Albert e Victor entram então neste negócio que crescia e inspirado pelo sucesso das cervejas inglesas Albert decide criar uma cerveja especial baseada no modelo britânico, tendo então viajado para Inglaterra à procura de uma cepa especifica de levedura que desejava e obtendo uma preciosa amostra de uma cervejaria escocesa. Entre 1918 e 1923 é lançada uma cerveja apelidada de "Victory Ale" para comemorar o fim da 1ª Guerra mundial e em 1960 a terceira geração da família Moortgat acreditava que a cerveja merecia um copo especial, é então que aparece o famoso copo Duvel. Mais momentos marcantes podem ser consultados no link em referência.  (*1).
Vale bastante a pena ver o delicioso video sobre a história desta conhecida cerveja Belga.

Uma ultima curiosidade sobre o seu nome, que em Flamengo significa "Diabo"; Conta-se que em 1923, após degustação o fabricante de sapatos Mr. Van De Wouwer terá exclamado: "This is a real Duvel (Devil)" empolgado pelos potentes aromas desta cerveja (*2); (*3)

sexta-feira, 3 de julho de 2020

Lady in Red

Continuando a série iniciada em A Receita de Ancião Cervejeiro, passando pelo Aprendiz de Cervejeiro, e terminando para já, sobre os "Os quatro valentes", que num mundo pós-apocalíptico, lutam contra uma lei-seca imposta, produzindo às escondidas as suas próprias cervejas artesanais, numa forma de vida e num autêntico acto de liberdade, mantendo sempre acesa a esperança de uma revolução. (*1).
Chega a vez da "Lady in Red", mais conhecida como "The Stranger", a única conhecedora da formula que o seu Pai escondeu e a única sobrevivente da sua familia que sabe do segredo desta German Red, associando-se ao grupo Steam Brew que possuía condições perfeitas para a produçao da sua excepcional "cerveja vermelha".
E é com essa cor avermelhada que e com uma formação e retenção de espuma média que esta cerveja se apresenta, aroma de malte tostado e talvez caramelo, o paladar equilibrado com notas maltadas e um final de boca seco e amargor moderado sobressaindo os seus respeitáveis 7.9 % ABV. 
Um cerveja com excelente relação qualidade/preço