sexta-feira, 13 de maio de 2022

Olha a Marafada


Ora cá está uma cerveja do meu Algarve, pois a minha família do lado materno é desta bela terra, Alcantarilha onde a minha Avó nasceu e Lagos onde nasceu a minha Mãe. Mas é no Algoz, onde também tinha primos, que vem esta Marafada, mais precisamente na Quinta dos Avós, na estrada do Algoz. Uma antiga casa agrícola, hoje transformada em pastelaria e café onde se podem provar os melhores doces tradicionais Algarvios saídos das mãos da D. Encarnação, mãe de André Gonçalves, um dos mestres cervejeiros que se juntou ao outro mestre cervejeiro Ruben Pires, para criarem a Marafada. (*1)
Marafada, é uma expressão muito usada no Algarve, que pode significar alguém irritado, mas também maroto ou travesso. Especialmente a mim recorda-me uma colega Algarvia, que lhe trato por Marafada. 
Já agora deixo aqui transcrito a seguinte quadra de um poeta popular Algarvio, de seu nome Gualdino Calçada e um dos primeiros a provar a cerveja: "Nasceste logo Marafada, serás assim a vida inteira, estás bem preparada, para dar muita rasteira".


Existem muitas propostas desta cervejaria Algarvia, duas das quais já experimentei como as originais Tuber Bock e Alcalar. (*2)
E foi exactamente no Algarve que a comprei. Trata-se de uma cerveja do estilo India Pale Ale. Cor âmbar escuro, turva, formação de espuma de dois dedos e retenção média e quase sem carbonatação. Aroma intenso, herbal, a lúpulo. Sabor frutado, a pêssego, toranja, com amargor bem acentuado e final de boca seco. Não me desiludiu esta IPA forte com 7.1% ABV e das melhores que já provei até hoje.

(*1) https://www.sulinformacao.pt/2015/07/ah-marafada-cerveja-algarvia/

(*2) https://www.marafada.pt/

quinta-feira, 12 de maio de 2022

Doce Murmúrio


Permanecemos ainda pela Dois Corvos para avaliar a Murmúrio, que me fez recordar uma antiga canção dos Xutos numa altura que estava a cumprir serviço militar no Lar da Cruz Vermelha Portuguesa que tanto me marcou. Ora contava a letra de uma cidade com uma ponte de ferro apontada ao luar e de uma saudade do lar (na altura recordo o amigo a dizer que a música falaria de Paris, o que faz sentido). Nessa canção "Doce Murmúrio" havia uma parte assim: "Nessa cidade, numa outra noite, já perdido o olhar, ouviu um murmúrio, um doce murmúrio que o fez acordar, procurou por cima, por baixo das pontes, junto às portas ao fechar, por onde passou já só encontrou uma saudade no ar...Longe, longe tão longe do Mar".

E desse doce murmúrio passamos para esta cerveja que sussurra, fala baixinho e é discreta, mas sabe sempre bem. (*1) 


É uma American Amber Ale com 5.6 % ABV, elaborada com lúpulos americanos, de cor âmbar escuro, muito escuro, formação de um dedo de espuma bege com pouca retenção. Sem sedimentação e carbonatação por ai além. Aroma a malte e caramelo. Sabor idêntico a malte e caramelo. Final de boca sem grande amargor e final talvez seco. De corpo leve e equilibrada, mais uma boa cerveja da Dois Corvos.



(*1) https://shop.doiscorvos.pt/collections/permanentes/products/murmurio-american-amber-ale

(Braço de) Prata

E continuamos pela Dois Corvos, cervejaria perto da zona do Braço de Prata, precisamente para a prova desta...Prata. E no seu original rotulo, sempre com imensa piada, a Dois Corvos conta-nos a história de uma cavaleiro que em pleno sec. XVII, após perder o seu braço numa batalha engendra outro feito de prata. Bem eu diria que é mais consentâneo referir que aquela zona terá o seu nome devido à antiga fabrica de armamento do Braço de Prata, que produziu entre outras armas, a famosa G3. Mas alguém mais entendido nesta matéria o saberá melhor do que eu. (*1)  

Voltando a esta pilsner, a Dois Corvos, apresenta-nos esta receita com uma variedade de lúpulos Alemães de baixa percentagem de alfa-ácidos, que produziram intensos aromas herbais, provenientes do seu uso na fervura e Whirlpool. (*2)

Elaborada com malte pilsner, é uma cerveja de cor amarelo, aspecto turvo, com boa formação e excelente retenção de espuma branca. Aroma muito fresco, cítrico, a limão. Cerveja com paladar floral, um pouquinho de amargor, presença de acidez e carbonatação forte. Com 5.0 % ABV, esta Prata é uma excelente sugestão para os dias tórridos de verão.  

(*1) https://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%A1brica_de_Bra%C3%A7o_de_Prata 

(*2) https://shop.doiscorvos.pt/collections/permanentes/products/prata-pilsner


quarta-feira, 11 de maio de 2022

Dois Corvos Gálaxia (e uma Marvila emergente)


Da zona de Marvila, chega-nos a A Dois Corvos, fundada no final de 2013, data em que Susana Cascais e Scott Steffens fundaram a empresa durante a época negra da recessão económica em Portugal, e quando a variedade de cerveja em Lisboa não existia. Em 2014 foi adquirido o equipamento e instalada a fábrica em Marvila. No verão de 2015 foram produzidas e lançadas as primeiras cervejas e no final desse ano o Taproom abriu as portas ao público. 
A Dois Corvos é uma cervejeira familiar e independente, que prima pela inovação, inspiração e qualidade, apostando desde sempre num portfólio variado de cervejas - desde IPAs e Session até Stout complexas, cervejas envelhecidas em barrica, Ales experimentais ou fermentações espontâneas. (*1)


É uma marcas pelas quais nutro imensa simpatia, quer pelos seus originais rotulos, pela qualidade, variedade, ou mesmo por estarem inseridos numa zona da cidade de Lisboa que estava esquecida e degradada, mas que tinha o seu encanto e mistério, e que hoje é uma das zonas que volta a ter uma segunda vida, graças ao aparecimento de várias empresas, restauração, habitação, requalificação da zona ribeirinha, não esquecendo os eventos culturais da fantástica fábrica do Braço de Prata. 



E a primeira cerveja desta pitoresca marca que apresento no blog é a Galáxia Milk Stout, com adição de lactose no processo de fervura, que afirma a doçura final e confere-lhe personalidade na textura. Uma vez que é um açúcar não fermentável, acaba por tornar-se parte da experiência sensorial. (*2) 


É uma cerveja escura, castanho muito escuro, com uma formação de espuma bege e retenção média. Aroma muito agradável a chocolate, um pouco de baunilha. Sabor a malte tostado, suave, com final de boca com amargor que é anulado pelo adocicado do açucar (lactose) que é utilizado na composição. Final de boca adocicado. É uma stout super agradável , com 6% ABV. Sem duvida uma das melhores propostas da cervejaria de Marvila

(*1) https://www.doiscorvos.pt/pt/sobre

(*2) https://shop.doiscorvos.pt/products/galaxia-milk-stout


segunda-feira, 9 de maio de 2022

Calling Elvis, is anybody home


"Calling Elvis, is anybody home, calling Elvis i´m here all alone", assim começa a música dos Dire Straits, e foi com ela na cabeça, que sozinho saboreei e procurei a melodia de aromas e sabores desta Brewdog Elvis Juice.

Uma American IPA com infusão cítrica e um toque amargo, que irá levar a tolerância cítrica ao limite. Tem uma base de malte caramelo, que suporta a sobrecarga cítrica de toranja empilhada em cima de lúpulos de aroma intenso. (*1)

Quanto a mim, já andava de olho nesta cerveja e assim que surgiu oportunidade agarrei-a em terras Algarvias. Era a terceira que me faltava a seguir às outras duas mais conhecidas Punk IPA e Dead Pony Club . Esta Grapefruit infused IPA, com 5.1% ABV tem uma cor alaranjada, âmbar alaranjado. Formação de espuma branca e retenção média. com boa carbonatação, turva (mas não muito), aroma optimo frutado, refrescante, cítrico e toranja. Sabor muito refrescante, lupulado e com final de boca com amargor que fica na boca, que se sente, mas é boa de se beber e leve. E já agora porque não saboreá-la ao som desta grande música dos Dire Straits ?

(*1) https://www.brewdog.com/uk/brewdog-elvis-juice-12-x-can